O que é risco?

Antes de falarmos sobre o risco nos investimentos propriamente, que tal darmos um passo atrás para entendermos o conceito de risco em geral?
Risco nos investimentos para iniciantes

Definições

Da forma mais simples possível, o entendimento de risco tem muito a ver com a dimensão da incerteza de alguma coisa. Vou dar um exemplo: mesmo sabendo nadar muito bem e tendo por vários anos nadado na piscina da academia e até ganhado alguns campeonatos de natação, você talvez não se arriscaria a nadar em uma praia infestada de tubarões. Você não vê problema algum em nadar na piscina da academia, mas acha arriscado demais nadar em uma praia com tubarões. Essa sensação de desconforto quanto a nadar com tubarões, neste caso, é devida a uma diferença muito grande na sua percepção de risco e retorno. No caso da piscina da academia, o retorno é o bem-estar físico e mental decorrente da atividade física. E o risco é a chance de morrer afogado em uma piscina de 1 metro de profundidade ou de sofrer alguma lesão muito grave durante a prática. Você concorda que o risco de você morrer em uma piscina com 1 metro de profundidade é muito pequeno, considerando que você seja um nadador experiente? Para um nadador experiente, em quanto esse risco aumentaria caso a piscina fosse uma piscina olímpica com quase 2 metros de profundidade? Provavelmente, a chance de um nadador experiente morrer afogado em uma piscina de 2 metros de profundidade ainda é muuuuito pequena, certo?

Agora imagine que no lugar do nadador seja uma criança de 6 anos em uma piscina olímpica. Provavelmente você terá uma percepção de risco bastante diferente neste caso. E o risco é exatamente isso, uma percepção. Há diversas definições matemáticas, umas mais simples e outras mais complicadas. No fim estas definições são uma tentativa de quantificar a percepção de risco ou medo que temos em relação a algo.

Tubarão ilustrando a noção de risco. Nadar com tubarões para uns pode ser arriscado demais. Mas para outros, como mergulhadores, por exemplo, pode ser algo perfeitamente normal.
Acho que vou nadar na piscina da academia mesmo 😮

Voltando à praia infestada de tubarões, é possível que um praticante de esportes radicais ache perfeitamente normal nadar com tubarões. Ou mesmo mergulhadores talvez não se sintam desconfortáveis com o fato de haver tubarões por perto. Mas essa sensação de conforto e desconforto varia de pessoa para pessoa, de caso para caso.

Risco nos investimentos

Em investimentos, o risco pode ser entendido como a chance de você ter uma rentabilidade negativa sobre algum investimento. Por isso ouve-se por aí que a renda fixa é segura e de baixo risco e a renda variável é perigosa e de alto risco. Porque a incerteza na renda fixa, no Tesouro Selic, por exemplo, é muito pequena. As chances de o Governo Federal te dar um calote são MUITO pequenas. Porém as chances de você comprar uma ação hoje e o preço dessa ação cair amanhã – e você perder dinheiro de hoje para amanhã – são substanciais. Isso pode acontecer. E muitas vezes, é exatamente o que acontece. Nas finanças, com o intuito de simplificar, vamos tratar do risco em duas classes: risco na renda fixa e risco renda variável.

Risco na renda fixa

Na renda fixa, o risco predominante é o que chamamos de risco de crédito. Risco de crédito é basicamente o risco de a instituição em que você investe te dar um calote. A título de exemplificação, digamos que você tenha um CDB em um banco pequeno e que você também tenha uma grana no Tesouro Selic. O seu risco no Tesouro Selic é menor do que no CDB porque o risco de o Governo Federal não cumprir com as suas obrigações financeiras e te dar um calote é MUITO MENOR do que o risco de um banco pequeno deixar de cumprir suas obrigações e te dar um calote. Lembre-se: na história do nosso país, muitos bancos já deixaram de existir, seja porque foram adquiridos por bancos maiores em fusões e aquisições, seja porque simplesmente vieram à falência.

Dito isso, você concorda que entre um banco qualquer e o Tesouro, o menor risco está no Tesouro, que representa uma instituição maior e tem muito mais recursos do que qualquer banco? Ótimo! Existe uma ressalva, no entanto. Embora não seja o objetivo deste post, é importante deixar claro que quando se realiza a venda antecipada (quando não se espera o vencimento) dos títulos pré-fixados ou com parcela pré-fixada do Tesouro Direto, o seu risco deixa de ser o risco de crédito do Tesouro e passa a ser o risco envolvido na oscilação dos preços do título. O jeitão do risco no caso da venda antecipada fica muito próximo do que é visto no mercado de ações, por exemplo. Nós podemos inclusive quantificar esse risco da mesma forma. Então, fica o alerta: se você investe em renda fixa buscando baixo risco e está começando agora, espere pelo vencimento dos títulos e deixe a venda antecipada para quando estiver mais confortável com o assunto.

 Risco na renda variável

Na renda variável, o risco predominante é o risco que envolve as flutuações de preços do mercado. É claro que sempre há o risco de uma empresa com ações negociadas na bolsa de valores quebrar, mas esse risco geralmente é pequeno se você não negocia micos (micos são aquelas ações super baratinhas da bolsa, que custam de alguns centavos a poucos reais e que oscilam muito o tempo todo e não são nada confiáveis). Na bolsa, você pode comprar uma ação de uma empresa excelente, que está com todas as contas em dia, que vem apresentado um forte crescimento nos últimos anos e que tem tudo para se tornar uma empresa de destaque no Brasil e internacionalmente. No entanto, devido ao cenário econômico internacional, por exemplo, os preços podem cair. E cair mais. E continuar caindo. E subir de novo quando as coisas melhorarem. E cair de novo. Esse eterno “sobe e desce” é algo totalmente normal e esperado das ações negociadas na bolsa. As coisas na bolsa seguem um pouco aquela máxima de “tudo o que sobe, uma hora cai” e “tudo que cai, uma hora volta a subir”. A primeira afirmação com certeza é verdadeira. Mas a última, em algumas ocasiões, não é. Pode acontecer de uma empresa declarar falência e aí os preços das ações podem não voltar a subir. É raro, mas também acontece.

Gráfico de candlesticks que ilustram a volatilidade no mercado de ações. A volatilidade é uma medida bastante usual de risco nos investimentos
É apenas uma questão de tempo até você se acostumar com o sobe e desce da bolsa…Acredite, não é tão ruim quanto parece 🙂

 

Como medir o risco ?

Já dissemos aqui que o risco do Tesouro Selic é menor do que o risco de um CDB. E para a renda fixa, este conhecimento muitas vezes é suficiente para que você possa tomar uma decisão. Mas e na renda variável? Podemos afirmar que o risco da Embraer é maior ou menor do que o risco da Vale? Para isso, precisamos ser capazes de comparar as duas empresas. Ou seja, precisamos de uma medida de risco.

Quadro-negro com cálculos complexos ilustrando uma matemática avançada.
Nãããão! Matemática não, por favor….

Na renda variável, uma forma muito usual de medir o risco é utilizando o desvio padrão. Calma, calma. Não vou ficar falando de fórmulas e matemágicas alienígenas aqui. Este post é para leigos.

O desvio padrão é uma forma de se medir a variabilidade nos preços de um determinado ativo, como uma ação por exemplo. Ele também aparece por aí com os nomes de “volatilidade” e “risco”. Complicado? Vamos a mais um exemplo: imagine que você tem dois investimentos, Tesouro Selic e um fundo de ações. No Tesouro Selic, enquanto o COPOM mantiver a taxa, o seu rendimento bruto será exatamente igual à taxa Selic, nem mais e nem menos. Já no fundo de ações, embora você possa ganhar muito mais dinheiro, os preços variam. E essa variação introduz um risco, uma incerteza. Não há como saber se os preços amanhã estarão maiores ou menores do que os preços de hoje. É por isso que este mercado se chama de renda variável, porque varia mesmo. E é por isso que se diz que o risco no mercado de ações é maior do que na renda fixa. Porque a incerteza também é maior.

Agora você já sabe distinguir e até medir o risco dos seus investimentos. Mas isso ainda não é suficiente para tomar uma decisão sobre “aonde investir”. Isso porque estamos falando apenas de risco. Precisamos chegar a alguma conclusão sobre o custo-benefício de determinado investimento. Esse custo-benefício é mais conhecido no mundo das finanças como relação de retorno/risco ou risco/retorno. Mas isso é assunto para um outro post.

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Até a próxima,

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